terça-feira, 16 de setembro de 2008

Lição de realidade


“É um povo triste, vencido. Parece um campo de concentração sem as cercas de arame farpado”. O desabafo é do presidente do TRE/RJ, desembargador Alberto Motta Moraes, ao constatar o clima de medo em duas favelas da Zona Oeste do Rio, que sofrem a ação criminosa de traficantes e milicianos, que, temporariamente, estão sob ocupação do Exército. Ele lamentou que depois que as tropas saírem, o poder voltará para os criminosos.

A notícia é de que o choque foi tão grande, que o desembargador chegou a chorar de emoção, ao constatar a dura vida dos desprovidos de proteção do estado. Na verdade, muitas elites ainda insistem em viver na ficção, encastelados em frigoríficos, procurando fugir de suas responsabilidades no processo de mudança. Talvez o choque de realidade seja necessário no sentido de convencer a nata da sociedade a participar mais ativamente do processo de inclusão social.

Enquanto a desigualdade for apenas acessório nas discussões sociais não mudaremos a realidade de caos de muitas cidades e de suas comunidades carentes, que continuarão abandonadas à própria sorte. A violência é apenas o sintoma mais evidente, pois ganha as manchetes e alimenta a necessidade mórbida por espetáculos de mídia. Às elites, com seu poder de pressão, podem e devem promover as mudanças necessárias para reverter esta situação. O momento econômico é propício para este fim, mas o interesse político/partidário e pessoal do atual governo pode fazer com que percamos esta oportunidade única de acabar de vez com a distância abissal entre os desprovidos e privilegiados.

Um comentário:

Anônimo disse...

maravilhoso e atual...parabéns