terça-feira, 14 de dezembro de 2010

IBGE projeta que 30% da população terá mais de 60 anos em 2050

A população com mais de 60 anos deverá ultrapassar a marca de 64 milhões de pessoas em 2050 no País, segundo projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Neste ano, este estrato populacional deverá chegar próximo de 30% da população do País. Os números fazem parte do Atlas Nacional do Brasil Milton Santos, divulgado nesta terça-feira pelo instituto.
O estudo traz a composição populacional do País desde 1940 e faz uma projeção até 2050. Neste quadro, o contingente de habitantes com mais de 60 anos apresenta crescimento constante.
Segundo o censo demográfico de 1940, 1,7 milhões de brasileiros faziam parte da hoje chamada terceira idade, o que representava, à época, 4,1% da população. Em 2000, esta faixa etária já chegava a 8,1%, ou 13,9 milhões de pessoas, número que deve quase quintuplicar até 2050, segundo a projeção apresentada no atlas.
Por outro lado, a população com menos de 15 anos, que representava 42,6% no censo do IBGE de 1940 (17,5 milhões de pessoas) deve chegar a 2050 com um contingente de 13,1%, ou 28,3 milhões. Esta faixa etária apresenta queda ininterrupta desde 1960. De acordo com o Atlas Nacional do Brasil Milton Santos, "até o final dos anos 1970, a estrutura etária da população brasileira era predominantemente jovem, resultado de um padrão histórico em que os níveis de fecundidade permaneciam elevados. Entretanto, a partir de 1980, em decorrência do declínio dos níveis de reprodução, começa a adquirir visibilidade um estreitamento da base da pirâmide."
A população de 15 a 59 anos, faixa considerada "em idade de trabalhar", deve apresentar crescimento até 2030, quando deve chegar a 139,2 milhões de pessoas (64,3% do total), segundo a estimativa do IBGE. A partir daí, deve começar a cair. Entretanto, a maior proporção desta faixa de idade deve ser atingida em 2020, com 66,3% do total de residentes no Brasil. Em 2050, este grupo de idade deve chegar a 122,9 milhões, o equivalente a 57,1% do total.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Segredo dos superidosos: maiores de 80 que esbanjam vigor abrem via para entender longevidade

RIO - Nenhum octogenário é tão rápido e resistente quando Oswaldo Silveira. O maître paulista estava entre os 28 participantes mais velhos dos 45 mil que correram a Maratona de Nova York, a mais famosa do mundo, em novembro. Foi o campeão do grupo. Completou o percurso em 4 horas e 33 minutos. Um mês depois, ainda colhe os louros da fama. Volta e meia precisa interromper seus treinos, em Campos do Jordão, para tirar fotos com quem o reconhece.

Atende aos pedidos com humildade, mas uma certa marra não faz mal a ninguém: garante que venceria um desafio contra o neto, um sedentário de 21 anos. O desejo de novas conquistas - inclusive o torneio familiar - faz do atleta um símbolo do que é conquistar longevidade sem perder vigor.

Com o avanço da medicina, chegar à terceira idade não é exatamente uma façanha. De acordo com a pirâmide etária divulgada pelo Censo 2010, 22,7 milhões de brasileiros têm 60 anos ou mais. Um terreno desconhecido, ainda pouco contemplado por pesquisas, é como envelhecer com qualidade de vida.

Não existe uma receita pronta, mas aqui e ali há consensos. O primeiro: manter a saúde na terceira idade é uma conquista multidisciplinar. Não adianta, por exemplo, ter uma alimentação regrada se a rotina for estressante. Outra unanimidade no discurso dos especialistas é quase um consolo aos mais preguiçosos: nunca é tarde para começar. Que o diga Oswaldo, que só foi calçar tênis de corrida aos 56 anos.

- Eu só jogava futebol, mas a barriga estava grande e ficou muito cansativo - lembra. - Como não tinha tempo para academia, resolvi só correr. Hoje treino cinco vezes por semana, de 10 a 15 quilômetros por dia. Há 17 anos um instrutor me acompanha. Desde então, já foram 11 maratonas.

Oswaldo atribui o pique à dieta controlada e aos genes. Seu pai, que morava no interior de São Paulo, chegava a andar 30 quilômetros para visitar alguém.

O corredor não é o único a recorrer à biologia para explicar sua vitalidade. Uma teoria amplamente estudada considera que os telômeros, uma estrutura presente nas extremidades dos cromossomos, pode determinar a nossa longevidade. Os telômeros são reduzidos à medida que as células se dividem. Em determinado momento, esta perda sacrifica genes, vitalidade e função das células filhas, provocando o envelhecimento.

Outra estrutura celular decisiva seriam as mitocôndrias, responsáveis por transformar alimento em energia. Se uma mitocôndria envelhecer mais rapidamente, ela reduziria a vitalidade de seu grupo.

- Ainda não há uma explicação definitiva para sabermos como se dá o envelhecimento em nível biológico - ressalta Fernando Bignardi, coordenador do Centro de Estudos do Envelhecimento da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). - Há animais, como medusas, que vivem eternamente. Eles não envelhecem. Só morrem se alguém comê-los. Não sabemos por que isso acontece.

Na falta de uma resposta, os médicos preocupam-se em reformular outros conceitos. Longevidade, por exemplo, era associado apenas à vida longa. Agora, também incorpora a ideia de qualidade.

Fonte: Jornal O Globo http://oglobo.globo.com/vivermelhor/mat/2010/12/04/segredo-dos-superidosos-maiores-de-80-que-esbanjam-vigor-abrem-via-para-entender-longevidade-923193783.asp