segunda-feira, 5 de julho de 2010

Potencial do "novo idoso" é pouco aproveitado no consumo

Foi-se o tempo em que o idoso era associado ao vovô esquecido na cadeira de balanço ao lado da senhora enrugada e de cabelos brancos fazendo crochê. Hoje, a existência de idosos saudáveis e produtivos já é uma realidade e deve influenciar o mercado e até melhorar o consumo. Para a especialista em gerontologia, Beltrina Corte, da Pontifícia Universidade Católica (PUC/SP), as oportunidades de inclusão são imensas.

Uma pesquisa recente da GfK Brasil mostrou que os idosos já representam 17% do poder de compra no país. Além disso, 88% dos brasileiros acima de 60 anos possuem renda própria, segundo a empresa de pesquisa. Outro levantamento, feito pelo IBGE, aponta, segundo a GfK, que, em 2020, as pessoas com idade acima de 50 anos representarão 18 milhões de consumidores no País, com renda total de R$ 25 bilhões. Hoje, essa faixa etária corresponde a 43% da classe de renda mais alta (acima de dez salários mínimos). No total da população, são 23% e costumam ir mais vezes às compras.

Viajar, comprar, passear
"Os idosos que vivem apenas com a aposentadoria têm de fato o dinheiro contado", afirma Beltrina. "Mas existe um contingente grande que se preparou para a velhice e está disposto a gastar consigo mesmo ou com seus familiares. São pessoas desejosas de viajar, comprar, passear, estudar".

É o caso da dona-de-casa Anita Zumbano Fochesato, de 60 anos, que costuma viajar todo ano com a mãe, de 91 anos. "Nós estamos planejando ir ao Nordeste em um cruzeiro de navio", conta. "Eu acho muito saudável se mexer e conhecer novos lugares". Anita e a mãe também adoram fazer compras e estão sempre atentas para o que ocorre á sua volta, lendo e vendo televisão.
Depois de trabalhar a vida toda, primeiro em uma companhia de aviação, depois numa loja e finalmente em um restaurante, ela quer aproveitar a vida. "Não estamos na fase de economizar", afirma. "Como não temos compromissos, estamos na época de gastar".

Produtos dirigidos
Para Beltrina Corte, histórias como essa mostram que o mercado precisa acordar e ver o potencial de consumo dos mais idosos. Os "novos velhos" trabalham, suam na academia, conversam com os filhos e netos por Skype e vão a festas. Mas são poucos os produtos especialmente dirigidos a essas pessoas que ainda têm muito a viver.

"Infelizmente, o mercado ainda não considera o design, a cor, o comportamento dessa população", argumenta a gerontóloga. Ela lembra que há enormes possibilidade na arquitetura, lazer, comércio, moda e beleza, além do turismo.

Ao comentar a pesquisa, Paulo Carramenha, diretor presidente da GfK Brasil, chamou a atenção para o fato de que a maior expectativa de vida da população é uma das cinco tendências mundiais que influenciam o consumo. Na Alemanha, por exemplo, a empresa constatou que muitas pessoas com idade entre 50 e 69 anos fazem compras on line. No Brasil, segundo Carramenha, essa tendência está começando e deverá pautar vários setores. Mas é preciso levar em conta as especificidades desse público, tanto no aspecto das necessidades físicas como na transformação de interesses.
Fonte: Site Brasil Econômico

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