terça-feira, 27 de outubro de 2009

Cidadania com dignidade é possível, sim

Já trouxe neste espaço a discussão sobre a favelização e a desordem como fatores que contribuem para a violência urbana. Lembrei que a repressão, por si só, não é nem nunca foi garantia de paz nas comunidades. Sempre defendi que atrás da polícia, deveriam vir políticas de inclusão, como urbanismo, educação, cidadania, saúde, entre outras.
No complexo de favelas do Alemão, na Penha, apesar da violência não ter sido debelada, o governo vem implementando obras, que começam a ficar prontas, dando esperanças de dias melhores para os moradores daquela sofrida região. Um desses melhoramentos é o conjunto residencial, tipo condomínio, que vai abrigar parte dos desalojados pelas obras de urbanização da favela.
Ao mesmo tempo em que cadastra as famílias, a autoridade pública procura dar lições de cidadania e responsabilidade social aos beneficiados. Pois, pelo direito à moradia, ao ex-morador da favela é explicado que terão obrigações para com os serviços públicos, como água e energia elétrica.
Porém, ouvi numa rádio, entrevista com um líder comunitário local, beneficiado com uma das moradias, na qual reclamava a construção de um muro em volta do condomínio. Segundo ele, para evitar ações de “arruaceiros”. "É que ninguém sai do asfalto pra fazer bagunça na favela, mas, o contrário, sim", tentava justificar o morador, prestes a se mudar para um das casas urbanizadas e integradas do Alemão.
Porém, ao saber que a construção do muro seria impossível, o morador, talvez num desabafo, disse que preferia continuar morando na favela, pois não precisaria pagar nada e ainda por cima estaria mais seguro do que no asfalto. Pasmem, mas isto dá a verdadeira dimensão do quanto temos que avançar para dar cidadania a estas pessoas.
Mas, a grande lição que fica disso tudo, é que, além das dificuldades físicas dos empreendimentos e obras, há que haver também a preocupação em resgatar a cidadania dessas pessoas, que sempre viveram à margem das normas sociais, sob pressão (ou proteção, por falta de opção) da lei do tráfico, onde armas são “garantidores da ordem”.
É um caminho árduo, sim, mas alguém tem que começar. E o governo do Rio vem fazendo sua parte neste processo de recuperação do Rio, utlizando a educação como um dos instrumentos de cidadania. O momento é agora e não há mais espaço para omissões do Poder Público. Afinal, a população dessas regiões também tem direito a viver com dignidade.

3 comentários:

EDGAR, DE JACAREAGUÁ disse...

SÓ VC E UNS POUCOS FALAM EM REMOVER FAVELAS. CONCORDO QUE FAVELA DEGRADA A VIDA DE TODO MUNDO.

Sylmara Romanza disse...

é, mas para viver com dignidade, tem q acabar com as favelas, pois é difícil viver com dignidade, qdo ñ tem um mínimo de condições.

rafaela disse...

favelado também é gente...