quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Políticas públicas devem se adaptar à expectativa de vida da população


O envelhecimento da população brasileira, que vem se intensificando nos últimos 50 anos, é uma consequência da diminuição da mortalidade e da natalidade. A expectativa de vida é de 73 anos, e o número de centenários aumenta mais do que qualquer outra faixa etária. Se por um lado a longevidade é positiva, ela também traz inúmeros desafios. Um deles é o preparo da rede de atendimento, pois o perfil epidemiológico também está mudando, com uma maior incidência de doenças crônicas não transmissíveis. Além disso, existe a necessidade de formação de cuidadores, pois as famílias nem sempre dão conta da assistência.

Para tratar de temas como esses, a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) promoveu ontem, na Capital, o encontro O Envelhecimento Populacional e as Repercussões na Atividade Hospitalar e na Gestão da Assistência. Na abertura, o presidente do conselho administrativo da Anhanp, Francisco Balestrin, explicou que o mundo está passando por três grandes transições no que se refere à qualidade de vida. A primeira é a demográfica, que diz respeito à longevidade; a segunda é a epidemiológica, que traz a mudança no perfil das doenças; e a terceira refere-se aos riscos, como alimentação inadequada, pouco exercício e a violência urbana.

Projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam para um crescimento populacional entre idosos de mais de 3% ao ano – índice superior ao crescimento da população total, de aproximadamente 1,1%, observado entre 2000 e 2010. Em 2050, espera-se que o percentual de pessoas acima de 65 anos corresponda a 30% dos brasileiros, contra 11% atualmente.

No Rio Grande do Sul, de acordo com o Censo de 2010, existiam 994.613 pessoas com mais de 65 anos, de uma população total de 10,4 milhões. Na Capital, o número também era bastante expressivo, com 147.569 pessoas com mais de 65, em um total de 1,4 milhão.

Maria Lucia Lebrão, professora da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), fez um estudo chamado Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento, no qual descobriu o perfil dos idosos e como será o desenvolvimento da população nos próximos anos. De acordo com ela, em 2020, o número de pessoas com mais 65 anos será maior do que o de crianças com até cinco anos. Um dos principais fatores que levaram a esse envelhecimento foi o combate da mortalidade infantil. Em 1970, a natalidade ainda era alta, mas o cuidado com a saúde dos bebês começou a se intensificar e a mortalidade caiu. “As famílias antes tinham até 20 filhos, pois muitos morriam após o parto. Assim, os pais preferiam ter uma grande quantidade para evitar que ficassem sem. Em 1960, a média por casal era de 5,8 filhos. Em 2008, passou para 1,8”, relata Maria Lucia.  De acordo com ela, a média atual já não repõe a perda do pai e da mãe.

A professora revela também que, em 2040, o número de pessoas centenárias subirá 746%, enquanto as demais terão aumento de apenas 35%. A maioria das pessoas acima dos 100 anos serão mulheres. “Isso implica todas as políticas públicas. Por isso a necessidade de pensar nesse novo perfil da população”, ressalta.

Fonte: Coisa de Velho

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