Um estudo recente realizado por oncologistas da América
Latina concluiu que o câncer deve causar estrago na região nas próximas
décadas. De acordo com a análise, serão 1,7 milhão de novos casos do mal até
2030 (500 mil só no Brasil) e mais de um milhão de mortes anualmente.
O relatório foi publicado no periódico Lancet Oncology no
fim de abril e traçou um amplo panorama dos problemas de diagnóstico e controle
da doença na região. A maior preocupação não é tanto a incidência de câncer na
população, considerada baixa em relação aos Estados Unidos (163 por 100 mil
habitantes, enquanto a média americana é de 300/100 mil), mas a mortalidade
latino-americana, que é 60% maior.
A principal causa é o baixo investimento em pesquisa, bem
como em prevenção. O levantamento descobriu que se os americanos gastam 460
dólares por ano a cada novo paciente de câncer, os japoneses 243 dólares e o
Reino Unido, 162, a América Latina gasta apenas 8, dado alarmante.
Além disso, outra informação sobre investimento também
mostra a disparidade: a porcentagem do Produto Interno Bruto (PIB) de cada país
da região gasta com assistência médica varia muito, de 10,9% na Costa Rica para
5% na Jamaica, Bolívia, Peru e Venezuela.
E não para por aí: o diagnóstico tardio também é um problema
que contribui para a alta mortalidade. Segundo o estudo, apenas 20% dos casos
de câncer de mama são diagnosticados em estágio inicial no Brasil e 10% no
México, contra 60% nos EUA.
No entanto, a análise também aponta soluções, citando casos
como os de México e Peru, que estão tentando melhorar seus índices por meio de
programas e reformas no sistema público de saúde. Os mexicanos, por exemplo,
criaram um seguro saúde estatal que cobre a população que não tem acesso a
planos privados. Nele, há tratamento para os cânceres de adultos mais comuns e
todos os infantis, e já alcançam 52,6 milhões de pessoas.
No Peru, onde 55% dos casos de câncer são de estágios
avançados recém-diagnosticados, um plano foi criado no ano passado para
prevenir e diagnosticar precocemente o mal em 12 milhões de pessoas em estado
absoluto de pobreza.
Além disso, há outra frente pouco explorada na América
Latina: os testes clínicos. A região tem 2.460 estudos no momento, um número
que pode parecer alto a primeira vista, mas só significa 6% de todos os
protocolos de pesquisa científica no mundo.
O número de centros clínicos latino-americanos por milhão de
habitantes não chega a 2, enquanto a taxa dos Estados Unidos é de 82 e da
Europa Ocidental, 11. O Lacog (sigla em inglês para Grupo Cooperativo de
Oncologia da América Latina), que reúne dezenas de pesquisadores e centros
clínicos de 12 países, recebe 7.000 novos pacientes por mês, mas é possível
fazer ainda mais. Para os médicos, mais estudos clínicos podem fazer com que
mais pessoas recebam tratamento de ponta a custo baixo ou zero.
Fonte: IG
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